No passado, todos as nações citadas acima fizeram parte do domínio russo. Na Rússia dos czares, a região foi sufocada culturalmente em um processo de “russificação”. Após a Revolução Russa, pouco mudou e as repúblicas do Cáucaso continuaram sem autonomia.
Mapa do Cáucaso e suas principais zonas de conflito |
A região tem uma privilegiada localização geográfica, pela proximidade ao Oriente Médio, dispõe de excelentes terras cultiváveis e apresentam uma importante rede de oleodutos, já que, ao leste, a região é delimitada pelo Mar Cáspio. No âmbito cultural e religioso, a região apresenta dois grupos dominantes: os ortodoxos, vindos da clara atuação dos russos no lugar, e os muçulmanos, já que o Cáucaso foi uma das rotas migratórias do povo árabe no século VII.
Com o fim da URSS, Geórgia, Armênia e Azerbaijão formaram países independentes. Porém, outras repúblicas da região, que até hoje continuam sob domínio de Moscou, lutam por suas independências e disputam território com países vizinhos: o Cáucaso atualmente é uma das regiões mais conflitosas do mundo.
A CHECHÊNIA INDEPENDENTE
A Chechênia é uma república localizada no sul da Rússia e com maioria muçulmana. Historicamente, a região conserva atritos com o governo de Moscou. Além da repressão dos czares, no período da Segunda Guerra Mundial, Josef Stálin tratou a população chechena com mãos de ferro, chegando a exilar milhares de chechenos da Sibéria.Após o desmantelamento da URSS em 1991, os chechenos declararam sua independência, desafiando o domínio russo, que viu a atitude como uma rebelião. Em 1994, a Rússia lança uma ofensiva contra a Chechênia e invade a capital, Grozny, iniciando a Primeira Guerra da Chechênia. Após dois anos de disputa, centenas de milhares de mortos e os dois lados desgastados, é assinado um tratado de paz que empurrava as decisões sobre e independência da Chechênia para 2000.
Porém, um ano antes, os rebeldes promovem uma série de ataques da Moscou e disputa volta a se acender. A Rússia rebate destruindo a capital da república, iniciando assim a Segunda Guerra da Chechênia. Um ponto marcante destes conflitos pós-acordo de paz de 1999 foi o atentado ao teatro Dubrovka, em Moscou. Segundo a versão oficial, separatistas chechenos teriam invadido o teatro da capital russa e feito centenas de civis, inclusive estrangeiros, de reféns. Em troca, os chechenos pediam a retirada de tropas russas da república do Cáucaso. Com a estratégia de não negociar com terroristas, o governo do então presidente Vladimir Putin promoveu a invasão do teatro, enquanto um gás tóxico era liberado pela tubulação de ar do local. O resultado foi a morte de centenas de pessoas, entre elas civis, policiais e rebeldes – a maioria intoxicado pelo gás liberado a mando do governo russo.
Os conflitos na região se arrastam até hoje e, por enquanto, de nenhuma das partes há uma iniciativa em prol da paz.
AS OSSÉTIAS E A GEÓRGIA
A história das duas Ossétias remonta a séculos. O povo osseta era um povo nômade que, vindo do Iraque, se estabeleceu na região do Cáucaso. Durante o período de expansão do Império Russo, entre os séculos XVIII e XIX, a parte norte do território osseta é anexada primeiramente aos domínios imperiais. A parte sul é anexada anos depois em conjunto com uma nação situada na fronteira austral da Ossétia: a Geórgia.
Ao conquistar sua independência, a Geórgia “levou junto” a Ossétia do Sul, mantendo seu domínio sobre a região. Ao decorrer das décadas, mudanças na conjuntura geopolítica da região, o que engloba a anexação da Geórgia a URSS e sua posterior desanexação, apenas mantiveram o estado de submissão dos ossetas do sul em relação aos georgianos.
Atualmente, a Ossétia do Norte, também conhecida como Alânia, é uma região autônoma dentro da Rússia, gozando de poderes próprios e direito de conservação de sua cultura e símbolos nacionais. Enquanto isso, a Ossétia do Sul, de população de mesma etnia cristã ortodoxa que os vizinhos do norte, vivem submissos ao controle georgiano. Em 1992 a Ossétia do Sul conquistou sua autonomia, reconhecida por pouquíssimos países do mundo.
O último grande conflito ocorreu em 2008, quando o governo da Geórgia invadiu a capital sul-osseta Tskhivaly para restabelecer seu controle. A ação foi incentivada pelos governos estadunidense e do oeste europeu que visam aumentar a influência na rica região. Em contrapartida, a Ossétia do Sul vê na Rússia a principal aliada na luta contra os georgianos, esta que, da mesma forma que as potências ocidentais, visa justificar suas operações contra a Geórgia pela proteção de seu aliado.
OUTROS CONFLITOS
Outros dois conflitos na região é a luta pela independência da Inguchétia, em relação aos russos, e a anexação da região de Alto Carabaque, hoje pertencente ao país islâmico Azerbaijão, pela cristã Armênia.
pelo mundo:
Deixe um comentário