Estrutura interna da Terra

Durante muito tempo, achava-se que nosso planeta era uma imensa rocha estável e sólida e que todas as formas de relevo existentes hoje estavam desta forma desde a formação da Terra. Porém, hoje sabemos que as camadas mais profundas do nosso planeta apresentam uma dinâmica constante com a crosta e são, juntos com outros fatores, as responsáveis pela geomorfologia terrestre.

Estas camadas são sobrepostas umas sobre as outras de modo a formar o que chamados de estrutura interna do planeta. Tal sobreposição, porém, não é uniforme, e a profundidade entre o fim de uma camada e o início de outra varia dependendo da região considerada. Já a variação entre as diferentes composições de tais níveis ocorrem porque estes são expostos a diferentes condições de pressão e temperatura, além de sofrerem influência de processos físicos.

É importante lembrar também que o ser humano nunca foi capaz de perfurar completamente a crosta terrestre. Tudo o que sabemos sobre a estrutura interna do nosso planeta decorre de estudos sobre a propagação de ondas mecânicas e análises sobre eventos tectônicos e vulcânicos.

Camadas da Terra

A classificação mais comum diz respeito à composição química das rochas que constituem determinada camada. Por esta classificação, a estrutura interna da Terra é dividida em: crosta, manto núcleo, com as densidades aumentando conforme de dirige às camadas mais profundas.

1 – Crosta continental; 2 – Crosta oceânica; 3 – Manto superior; 4 – Manto inferior; 5 – Núcleo externo; 6 – Núcleo interno; A – Descontinuidade de Moho; B – Descontinuidade de Gutenberg; C – Descontinuidade de Lehmann. Créditos: By Dake (Own work (Software: Inkscape)) [CC BY-SA 2.5 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.5)], via Wikimedia Commons

Crosta

É a camada mais superficial do nosso planeta, é formada por material rígido, frágil em termos geológicos e em estado sólido, além de ser a única onde a espécie humana habita e retira os elementos necessários ao seu modo de vida (água, petróleo, gás natural, madeira, etc). É subdividida em dois tipos: a crosta oceânica e a crosta continental.

A crosta oceânica é mais fina e localiza-se, como já evidenciado pelo nome, sob os oceanos. Tem uma profundidade média de cerca de 8 quilômetros. Esta camada é constituída por rochas mais densas, formadas em sua maioria por minerais de silício e magnésio, motivo por ser chamada antigamente de camada SIMA (ignora-se aqui o símbolo químico dos elementos). A rocha mais comum é o basalto. Esta parte da crosta é formada por estruturas jovens.

Já a crosta continental é mais espessa, atingindo cerca de 75 quilômetros de profundidade. É menos densa que a crosta oceânica e tem composição básica de silício e alumínio (SIAL). A rocha mais comum é o granito e apresenta estruturas muito antigas, atingindo bilhões de anos.

Manto

O manto é a região onde todo o dinamismo da Terra acontece. Ele é formado por uma camada superior, conhecida também como manto transicional e uma inferior. É no manto onde ocorre a primeira descontinuidade, isto é, região onde as ondas sísmicas, citadas anteriormente como ferramenta para desvendar a composição interna da Terra, sofrem uma brusca variação, comprovando, assim, uma abrupta variação também entre as camadas onde ela ocorre. Esta primeira descontinuidade, entre crosta e manto, é chamada de descontinuidade de Moho.

O manto superior, que limita-se com a crosta, apresenta temperaturas baixas em escala geológica, com cerca de 100ºC. Esta camada tem uma composição plástica, ou seja, é como um líquido extremamente viscoso (ou um sólido elástico) que desloca-se em baixas velocidades.

Já o manto inferior apresenta temperaturas muito mais elevadas, que atingem até 2.200ºC. É sólida por conta da grande pressão.

O manto, em geral, apresenta pouco silício e alumínio. É rico, porém, em ferro e magnésio.

Núcleo

Esta camada foi por muito tempo um mistério. Porém, hoje já é possível traçar, de forma satisfatória, parâmetros sobre ela. Através de análises sísmicas, foi possível descobrir que, entre manto e núcleo, ocorre uma segunda descontinuidade: a descontinuidade de Gutenberg. O núcleo também é dividido em duas partes, o externo e o interno.

O núcleo externo é líquido e é composto por níquel e ferro (NIFE). Já o interno é uma grande esfera sólida, constituída exclusivamente de ferro e com temperaturas próximas as registradas na superfície do Sol. Corresponde a 1/3 da massa de todo o planeta.

Entre as duas camadas do núcleo encontramos a descontinuidade de Lehmann.

Litosfera e astenosfera

A classificação anterior tem como base a composição química dos materiais encontrados nas camadas. Porém, existe outra classificação, com base nas propriedades físicas da matéria, como resistência e estado físico, que por vezes é confundida com a divisão anterior. Na verdade, para compreender todos os fenômenos estruturais do nosso planeta, é necessário fazer uso das duas classificações, complementando uma a outra.


Na divisão física das camadas, temos a subdivisão em: litosfera, astenosfera, mesosfera e endosfera. De forma superficial, a mesosfera corresponde a parte do manto superior e a todo o manto inferior, enquanto a endosfera a todo o núcleo.

É importante destacar, porém, a divisão entre litosfera e astenosfera. A litosfera compreende toda a crosta, mas também uma camada mais externa do manto transicional. Corresponde a parte sólida do planeta (litos = pedra – esfera rochosa). A parte do manto superior que compõe a litosfera é rígida, embora apresente uma composição química igual ao restante do manto, daí não ser classificada como crosta. É esta camada, como um todo, que flutua sobre o magma e que é subdividida em placas, ao contrário do que muitos pensam erroneamente ser apenas a crosta.

Logo abaixo temos a astenosfera (sthenos = fraco – esfera fraca). Nesta região, as rochas apresentam uma plasticidade muito grande, podendo inclusive se deslocarem. É nesta camada onde ocorrem as correntes de convecção que movem os continentes.

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Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

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