Precedentes
No período posterior a Segunda Guerra Mundial, houve um crescimento das pesquisas científicas em prol do aumento da produção agrícola. Destruídas pelo conflito e com sua produção no campo abalada, as nações europeias necessitavam de melhorias na produção de alimentos para suprir suas necessidades crescentes. Este cenário impulsionou a busca pela produção de fertilizantes químicos, agrotóxicos e maquinário, além do uso da seleção artificial para selecionar as melhores sementes. Tais elementos lançaram as bases para a Revolução Verde que aconteceria décadas depois.
A “revolução”
No ano de 1966, em uma conferência em Washington, foi criado um projeto, apoiado pelo governo norte-americano e pela ONU, que objetivava aumentar a produção agrícola em escala mundial, com o objetivo de diminuir, e até erradicar, a fome no mundo.
Este projeto, conhecido como “Revolução Verde”, seria pautado no uso intensivo de tecnologia, as mesmas que as desenvolvidas no período pós-Guerra (chamado “pacote tecnológico”). O mecanismo adotado pela revolução, portanto, era disseminar o uso de agrotóxicos, fertilizantes, herbicidas, maquinário agrícola e de sementes obtidas em laboratório para países subdesenvolvidos, de modo a aumentar suas produções no campo.
Estas sementes apresentavam maior resistência a pragas e a doenças, que, em conjunto com o uso dos componentes citados acima, garantiria um acréscimo interessante na produção alimentícia.
A revolução foi financiada pela Fundação Rockfeller, sediada em Nova Iorque. A empresa passou a vender seus pacotes de insumos agrícolas para todo o mundo, especialmente para os países mais afetados pela revolução, como México e Filipinas, garantindo aumento em seu mercado consumidor e, consequentemente, o crescimento da sua margem de lucro.
Consequências: uma “revolução” que não deu certo?
A Revolução Verde, obviamente, passou longe de resolver o problema da fome no mundo. A produção de alimentos, porém, realmente teve um expressivo aumento (e, consequentemente, uma queda de preço), apesar da fraca penetração entre os grupos sociais mais pobres. Isto deve-se a um fator principal: boa parte da produção agrícola dos países afetados pela revolução era voltada para exportação para países centrais. Assim, a produção não se converteu em uma melhora na qualidade de vida da população como um todo.
A revolução também provocou uma mudança na estrutura agrária dos países afetados. Na maioria das vezes, agricultores menores não conseguiram ter acesso ao “pacote tecnológico”. Quando conseguiam, obtinham através de empréstimos bancários que acabavam por não serem quitados, devido a produção abaixo do esperado. Assim, seja pela concorrência com agricultores de grande porte, seja pelo endividamento, os pequenos agricultores acabavam por vender suas terras, sendo obrigados a migrar para as cidades. Suas terras, logo, foram englobadas pelos grandes produtores.
Deixe um comentário