Modelos de industrialização: clássica, tardia e planificada

O processo de industrialização não ocorreu de maneira uniforme nos vários espaços e nas diferentes realidades onde ele aconteceu ou onde ele continua acontecendo. Na verdade, a industrialização sofreu interferência de variados fatores, como a existência ou não de matéria-prima, de mão-de-obra e de condições políticas, econômicas e sociais, que acabaram por caracterizar este processo dependendo da região em que ocorreu ou ocorre e por distingui-lo dos outros processos análogos.

Em uma análise mais generalizante, as diferentes industrializações dos diferentes países do mundo podem ser classificadas em três tipos: a industrialização clássica, a industrialização tardia e a industrialização planificada. Vamos discutir cada uma a seguir.

Industrialização clássica

Os países de industrialização clássica foram os pioneiros do processo de industrialização. Este modelo ocorreu, primeiramente, na Inglaterra, durante o século XVIII. A partir do século XIX, se expandiu para outras nações do mundo desenvolvido, como EUA, Canadá, Japão e o restante da Europa Ocidental.

Cidade de Coalbrookdale, berço da primeira revolução industrial e da industrialização clássica

Esta industrialização foi, inicialmente, encabeçada pela máquina a vapor. Durante a Segunda Revolução Industrial, período onde este modelo rompeu com as fronteiras inglesas, foi encabeçada pela eletricidade e pelo petróleo.

As nações que passaram por este processo, em geral, tornaram-se grandes importadores de matéria-prima. Ao mesmo tempo, passaram a ser grandes exportadoras de produtos industrializados e de tecnologia. Atualmente, são países que concentram as sedes das grandes multinacionais.

Industrialização tardia

A industrialização tardia é aquela típica dos países localizados fora do centro do sistema capitalista. É o modelo de industrialização pelo qual o Brasil passou, bem como outros países como a Argentina, o México, o Chile e a África do Sul. Ocorreu a partir da década de 1950 nos países latino-americanos, e a partir da década de 1960 no extremo oriente e no sul do continente africano.

Fábrica de ferro em Sorocaba, em 1884, período anterior à industrialização tardia brasileira

Este tipo de industrialização é marcada por um processo de substituição de importações, isto é, produtos que eram importados começaram a ser produzidos dentro dos países, principalmente por conta da Segunda Guerra Mundial. Outra característica importante foi a instalação de empresas multinacionais, sediadas em países de industrialização clássica, nestes países, por conta de fatores como a maior liberdade de leis trabalhistas e isenção de impostos.

Ao contrário dos países de industrialização clássica, portanto, países de industrialização tardia tiveram suas industrializações pautadas principalmente nas ações do capital estrangeiro, em detrimento de iniciativas nacionais. Atualmente, são nações dependentes tecnologicamente dos países do centro do sistema.

Industrialização planificada

A industrialização planificada ocorreu nas nações que adotaram o modelo socialista, durante o século XX. Neste tipo de industrialização, o Estado era o principal agente econômico, comandava as fábricas, os salários e os preços. A indústria de base e a indústria bélica, neste modelo, sempre foram prioridade. A indústria de bens de consumo, por sua vez, era deixada em segundo plano.

Para entender melhor o que são indústrias de bens de consumo e de bens de produção (indústria de base), clique aqui e leia nosso artigo sobre o assunto.

Além da ação econômica do Estado, gestor de todas as indústrias, outra característica deste modelo de industrialização foi a inexistência de concorrência. A industrialização planificada ocorreu nas repúblicas da URSS, na China e em países do leste europeu, como Bulgária e Hungria.

Depois do fim da União Soviética, este tipo de industrialização se enfraqueceu. As antigas indústrias estatais foram privatizadas e os países que atravessaram este modelo tiveram que se adaptar, as vezes com muito custo, ao sistema capitalista de produção.

Assista também nossa videoaula sobre o assunto:

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Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

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2 Comments

  1. STEFANY DE FATIMA SILVA Reply

    Olá, Bom dia.
    Poderia me indicar algum teórico sobre o tema? Esse assunto seria muito útil em um trabalho que estou escrevendo.

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