A indústria no Japão

O Japão é a terceira maior economia do mundo e a segunda potência da Ásia. Por muito tempo, o país destacou-se como a maior potência do Extremo-Oriente, tanto em sentido econômico, quanto militar.

Após a década de 1990, todavia, uma crise econômica abalou o país, ao mesmo tempo que a China tornava-se uma potência mundial e a Coreia do Sul passava a ocupar um lugar de destaque na organização do espaço capitalista mundial, solapando o domínio japonês nesta porção do mundo.

Industrialização do Japão

Era Meiji

Até meados do século XIX, o Japão era um país fechado para o Ocidente. Os portos nacionais eram fechados para o restante do mundo, enquanto sua economia era baseada na agricultura sob um regime que fazia alusão ao feudalismo europeu.

Apenas a partir da Restauração Meiji que o país passou a adotar uma postura em consonância com o Capitalismo mundial. Esta revolução aconteceu através da união entre a classe samurai (militares), nobres, camponeses abastados e comerciantes ricos, que derrubaram o império Tokugawa e instauraram uma monarquia em prol dos interesses industrialistas.

Imperador Meiji
Imperador Meiji

Ao mesmo tempo que politicamente a situação no Japão se alterava, começavam a se estruturar os conglomerados industriais familiares, os chamados zaibatsus. Em geral, as famílias mais ricas do país se aproveitavam de fábricas edificadas pelo Estado e as compravam a baixo preço para formação de grandes grupos industriais. Dentre os grupos formados no período, podemos citar a Mitsui e a Mitsubishi.

Neste sentido, é válido destacar a ação militarista do Estado japonês na Ásia e no Pacífico, com a invasão e o domínio de amplos territórios. Além de fornecerem matéria-prima, cuja existência é insuficiente dentro do país, as colônias se transformariam em mercado consumidor para a incipiente indústria nipônica.

Dentre as áreas que foram subjugadas pelo imperialismo japonês, destacam-se a Península Coreana, Taiwan, a Manchúria, hoje região da China, a Indochina, atuais territórios de Vietnã, Laos e Camboja, e algumas ilhas no Pacífico, como Palau.

Os imperadores da Era Meiji fizeram muitas reformas no Japão. Toda uma infra-estrutura de aporte à industrialização foi criada, além de investimentos profundos na qualificação de mão-de-obra.

Um outro fator que demonstra a capacidade do Estado japonês em sustentar o desenvolvimento da indústria nacional foi a aplicação de uma estratégia de acúmulo de capital. A indústria interna era protegida através de subsídios pelo Estado, enquanto que a exportação da produção agrícola era incentivada sob égide do livre mercado. Esta estratégia resultou em uma acumulação que permitiu a importação de maquinário industrial.

Pós Segunda Guerra Mundial

Após ser derrotado na Segunda Guerra Mundial, ao lado de Alemanha e Itália, o Japão passou por uma reestruturação interna na forma como a sua indústria se organizou.

A ocupação americana, sob domínio do general MacArthur, tratou de solapar as bases do zaibatsus, que até então dominavam a economia japonesa. Em seu lugar, surgiram os keiretsu, conglomerados industriais que agora seriam administrados por organizações bancárias, em detrimento dos domínios familiares que ocorriam nos zaibatsus.

Aqui também devem ser destacados os auxílios americanos à recuperação japonesa. Temendo a expansão do socialismo chinês sobre o Japão, os EUA criaram o Plano Colombo, cujo objetivo era financiar a reconstrução do país, aos moldes do Plano Marshall na Europa. Além disso, cita-se a transformação das indústrias bélicas do país, proibidas pelos Estados Unidos, em indústrias de setores de ponta, como de produção de materiais fotográficos.

A crise dos anos 1990

Na década de 1990, a agressividade da economia asiática, liderada pelo Japão, é barrada pela pressão política americana.

Os EUA, cuja rivalidade com a economia nipônica se acirrava, passou a impor duras tarifas de importação ao país. Tendo boa parte de seu parque industrial voltado à exportação, esta política foi um duro golpe aos interesses nacionais japoneses.

Soma-se a isto o chamado Acordo do Hotel Plaza, mais um capítulo da estratégia americana em solapar o vigor do capitalismo japonês. Utilizando toda sua força geopolítica, os EUA conseguem valorizar a moeda japonesa, o iene, o que prejudica ainda mais as exportações do país.

Outro fator para o agravamento da crise foi a concorrência dos manufaturados japoneses com os produtos fabricados nos Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura).

Todo este conjunto de fatores levou a recessão da economia japonesa, cujo protagonismo em cenário mundial foi abalado, especialmente após a ascensão da China como potência mundial.

Localização industrial

A conformação do Japão em um arquipélago e sua necessidade de importação de matéria-prima culminaram em uma concentração industrial no litoral do país, próximo as área portuárias.

A fachada pacífica do país, que inclui cidades como Tóquio, Yokohama, Nagoya e Osaka, assim, estruturou-se historicamente como a principal região industrial japonesa.

Sede da Toyota, nas proximidades de Nagoya. Fonte: Por Chris 73 / Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=73901

Variados são os setores cujo país destaca-se em contexto mundial. O Japão é líder mundial na produção naval e na siderurgia. Também está entre os maiores do mundo na indústria automobilística, sendo sede de importantes grupos como a Honda e a Nissan, sediadas em Tóquio, Toyota, sediada das proximidades de Nagoya, e a Mazda, com sede em Hiroshima.

Outros setores onde o Japão se destaca é na robótica e na produção de eletrônicos. Neste último grupo, o destaque vai para empresas de máquinas fotográficas (Nikon e Canon) e eletroeletrônicos (Sony, Panasonic e Toshiba).

Texto acerca da industrialização japonesa baseado em:

DA SILVA, Marcos Aurélio. Japão: revolução passiva e rivalidade imperialista. Geografia econômica, p. 67, 2007.

Assista também nossa vídeo-aula sobre o assunto:

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Meu nome é Fernando Soares de Jesus, natural de Imbituba/SC, geógrafo pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrando na área de Desenvolvimento Regional e Urbano na mesma instituição. Criei este blog ainda no Ensino Médio, em meados de 2013, com o objetivo de compartilhar e democratizar o conhecimento geográfico, desde o campo físico até o campo humano, permitindo seu acesso de maneira clara e descomplicada.

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