O petróleo, a partir da Segunda Revolução Industrial, tornou-se o combustível central do desenvolvimento da sociedade capitalista. Todavia, seu caráter não-renovável e sua má distribuição ao redor do globo o tornou uma arma geopolítica, dando poder aos países detentores de reservas em cenário mundial.
Este tipo de uso geopolítico do petróleo tornou-se comum a partir da década de 1960, com a criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), organização composta originalmente por Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Venezuela.
O ponto focal da criação da organização foi dar poder de negociação aos países produtores de petróleo frente ao arrocho de preços promovido pelas grandes multinacionais do mundo ocidental, dentre elas as que compunham o monopólio conhecido como Sete Irmãs, gigantes empresas petrolíferas europeias e americanas que comandavam a exploração de petróleo em nível global.
Estruturados em bloco, os países componentes da OPEP passaram a se articular de modo a garantir maior controle sobre a produção petrolífera mundial, em detrimento das multinacionais do ocidente.
Dentre as conquistas do grupo, citam-se o aumento dos royalties pagos pelas empresas exploradoras aos países, aumento dos impostos pela exploração e poder sobre o preço do petróleo.
Com isso, os países poderiam reverter a exploração em seus territórios em projetos que melhorassem a qualidade de vida de sua população e suas infraestruturas. Era, na prática, uma imposição sul-sul frente aos interesses do centro do capitalismo mundial.
Todavia, o episódio mais emblemático envolvendo a OPEP e as potências ocidentais ocorreu em 1973. Neste período, ocorreu, no contexto da Questão Palestina, a Guerra do Yom Kippur, ataque de Síria e Egito a Israel em busca de recuperar seus territórios perdidos para o país.
O apoio dos EUA e das potências europeias a Israel levou a OPEP, composta majoritariamente por países de maioria islâmica, a aumentar intencionalmente o preço do petróleo em 400%.
Como a economia mundial era extremamente dependente do petróleo, esta elevação dos preços levou ao encarecimento de combustíveis e de produtos, prejudicando a economia de diversos países. A partir deste ano instaura-se uma fase depressiva da economia mundial, que levou as nações ocidentais a buscarem o mais rapidamente resolver a situação com os países da OPEP.
O embargo foi retirado em janeiro de 1974, mas a economia mundial sofreria os reflexos dele por muitos anos.
Além do choque provocado pela OPEP, o preço do petróleo ainda era vítima das ebulições geopolíticas no Oriente Médio. Anteriormente, em 1959, a nacionalização do Canal de Suez já havia elevado o preço do barril.
Posteriormente, resultados parecidos ocorreram em 1979, quando eclode a Revolução Iraniana, que tirou o Xá Reza Pahlevi do poder no Irã, e em 1991, no contexto da Guerra do Golfo, quando o Iraque invadiu o Kuwait e passou a comandar as jazidas de exploração petrolífera dos vizinhos do sul.
Estes momentos ficaram conhecidos, respectivamente, como Primeira, Terceira e Quarta Crise do Petróleo (a Segura seria, assim, aquela causada pela OPEP).
Como resultado desta instabilidade do preço da matriz energética base da economia global, os EUA e nações da Europa Ocidental buscaram diversificar a pauta energética, investindo em fontes alternativas de energia, dentre as quais o gás de xisto, e voltaram-se no mantimento de boas relações com produtores de petróleo fora do Oriente Médio, como a Venezuela, ou com nações da região amistosas aos Ocidentais, como a Arábia Saudita.
Atualmente, a OPEP é composta por seis países africanos (Angola, Argélia, Gabão, Guiné Equatorial, Líbia e Nigéria), sete asiáticos (Indonésia, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Irã, Iraque, Kuwait e Catar) e dois sul-americanos (Venezuela e Equador).
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